Individualmente, a sexualidade, é influenciada pela família,
sociedade, crenças religiosas, e altera-se com a idade, estado de saúde e
experiências pessoais. Tudo coordenado pelo sistema neurológico, vascular e
endócrino. Um sistema complexo, onde um problema em qualquer uma destas áreas
pode levar a uma disfunção sexual.
Acredita-se que a preconização de exercícios perineais,
descrita por Kegel na década de 50, possa solucionar o problema supracitado
pela grande repercussão positiva que uma consciencialização do músculo perineal
pode trazer.
Os especialistas ocidentais já aceitam o músculo
pubococcígeo como responsável, em parte, pelo prazer sexual e acreditam que a
consciência da sua existência e localização, bem como o fortalecimento deste
pode levar as mulheres mais facilmente ao orgasmo, além de torná-los mais
intensos.
2.1 Sistema nervoso
- É no
prosencéfalo que encontramos o sistema límbico, responsável pelas emoções
e sensações de prazer, indispensável para a resposta sexual.
- No
tronco encefálico, mais precisamente no diencéfalo, vamos encontrar outra
estrutura importante para a resposta sexual – o hipotálamo – cuja função é
imperiosa na liberação hormonal.
- O
córtex cerebral (SNC) tem a autoridade de controlar de forma muito
diligente a atividade sexual, podendo tanto inibi-la quanto facilitá-la.
- A
ereção do clitóris é controlada por fibras parassimpáticas originadas nos
segmentos S2 a S4 da medula vertebral. Segundo Douglas (2000), encontramos
na medula o ponto nervoso final das vias eferentes do coito. Esta é a
região efetora do ato sexual. Aqui estão localizados os motoneurônios que
aumentam a mobilidade dos músculos pélvicos e bulbocavernosos durante o
coito; são modulados principalmente pela testosterona.
2.2 Sistema hormonal
- Estrógeno:
A ação dos estrógenos está associada ao desejo sexual feminino. Determina
a feminilidade, o amor, intuição, sonho, capacidade de análise e
subjetividade, além de colaborar para o aumento da lubrificação vaginal.
- Progesterona:
diminui o desejo sexual.
- Testosterona:
proporciona picos de desejo sexual do sétimo ao décimo sétimo dia do ciclo
menstrual, além dos fluxos rápidos durante a excitação sexual.
- Prolatina:
Este hormônio aumenta o desejo sexual da mulher durante a gravidez,
principalmente durante a amamentação, mas inibe a lubrificação vaginal da
fase de excitação na resposta sexual feminina.
- Serotonina:
Responsável pela modulação do humor e do desejo sexual. Em grandes
quantidades gera euforia, em quantidades muito baixas, leva a depressão. O
seu extremo pode levar também à inibição do impulso sexual.
- Dopamina:
Hormônio responsável por determinar o orgasmo feminino.
- Ocitocina:
É segregada pela neuro-hipófise e encontrada em todos os tecidos do corpo.
Está ligada ao contato físico. O pico ocorre durante o orgasmo, parto e
amamentação.
2.3 Fisiologia da resposta sexual feminina
O ato sexual feminino não depende apenas da estimulação
local dos órgãos sexuais, mas sim da resposta a uma interação com fatores
psíquicos como humor e saúde.
2.3.1 Fase do desejo: é
assinalada pelo impulso sexual, que vai funcionar como um ponto-gatilho para a
excitação. Aqui, os órgãos do sentido vão levar esses impulsos sexuais,
independente da origem do estímulo (audição, visão, olfato ou tato), para o
córtex cerebral e sistema límbico, levando a mulher à excitação. A ação dos
hormônios e dos neurotransmissores nesta fase são de extrema relevância. Os
sinais sensoriais sexuais são transmitidos aos segmentos sacrais da medula
espinhal pelo nervo pudendo e plexo sacral. Em seguida, são transmitidos ao
cérebro. Os reflexos locais na porção lombar e sacral da medula são em parte
responsáveis pelas reações sexuais femininas.
As mensagens captadas pela
estimulação da região perineal, dos órgãos sexuais e das vias urinárias vão dar
origem às sensações sexuais. Um destaque é dado à glande do clítoris, órgão
particularmente sensível ao desencadeamento destas sensações.
O despertar deste impulso sexual
deve se à ação imperiosa dos neurotransmissores, em destaque a feniletilamina,
cuja ativação fica explícita nas eventualidades em que carícias e beijos levam
o homem à ereção do pênis e a mulher à lubrificação vaginal.
2.3.2 Fase de excitação
A fase de excitação na mulher, geralmente
não nos parece tão visível quanto a excitação masculina, caraterizada pelo
aumento do volume do pênis. Aqui, o sistema neurovegetativo vai preparar os
genitais para o ato sexual, e é uma fase marcada pela tumescência e
lubrificação vaginal, sendo estes indispensáveis para uma penetração
confortável.
A estimulação tátil dos órgãos
sexuais e de outras zonas erógenas desencadeia, através de reflexos medulares,
impulsos parassimpáticos que promovem dilatação das arteríolas de toda a
genitália. A dilatação das arteríolas, por sua vez, traz como consequência o
aumento do fluxo sanguíneo local, provocando uma vaso-congestão. Esse aumento
do fluxo sanguíneo provoca um rubor generalizado, além das alterações vaginais
locais, indispensáveis para uma penetração natural e de prazer. Os grandes e
pequenos lábios apresentam edema local, alteração que também ocorre com o clitóris,
e este ainda se mostra enrijecido e com o volume aumentado.
O útero também aumenta de volume,
e ainda sofre uma elevação em relação á sua posição inicial. Simultaneamente, a
parte posterior da vagina, antes encolhida, alonga, alarga, distende e incha,
para acomodar melhor o pênis. As paredes vaginais sofrem uma mudança lenta de
cor, que passa de vermelho-púrpura para vermelho-escuro, além de apresentar
significativa lubrificação consequente ao transudado. O pavimento pélvico entra
em miotonia.
Outra consequência da vaso-congestão
é a redução do diâmetro do terço inferior da vagina, em até 1/3 do seu estado
normal de não excitação, possibilitando a perfeita adaptação dessa região ao
diâmetro do pênis, independente das dimensões desse órgão. Por outro lado, há
uma expansão e dilatação dos dois terços posteriores do canal vaginal, quando o
colo e o corpo do útero são empurrados, vagarosamente, para trás e para cima,
para o interior da falsa pelve, criando um espaço onde será depositado o sêmen
oriundo da ejaculação do parceiro.
O músculo bulboesponjoso tem ação
importante na fase excitatória, estendendo-se para todas as demais fases da
RSF. Este tecido erétil, também controlado pelos nervos parassimpáticos,
dilata-se nas fases iniciais da estimulação sexual possibilitando um rápido
acúmulo de sangue, levando a constrição do intróito vaginal.
Com o aumento da tensão sexual,
podemos observar também reações fisiológicas extra vaginais. Estas alterações
atingem primeiramente os seios, que começam a intumescer, tornando os mamilos
eretos, fator decorrente da contração involuntária das fibras musculares
presentes.
2.3.3 Fase de platô
Uma fase de destaque na resposta
sexual feminina (RSF) é definida como estabilização ou platô, caracterizada por
um estado de prazer máximo, antecedente ao orgasmo. É um período relativamente
curto, seguido quase imediatamente pela fase orgástica. Nesta fase, todas as
alterações ocorridas no desejo e excitação são amplificadas e intensificadas.
Aqui observamos a congestão máxima da musculatura do PP e dos órgãos sexuais, e
as alterações mantêm um patamar máximo, caso o estímulo sexual efetivo
persista, tornando o indivíduo apto a atingir o orgasmo.
A fase de platô tem como característica
o intumescimento do terço externo da vagina, uma congestão máxima que configura
a plataforma orgástica. Observa-se ingurgitamento dos pequenos lábios, passando
a adquirir uma cor arroxeada e o útero eleva-se ainda mais. Há aumento dos
pequenos lábios e o corpo e a glande do clitóris sofrem uma retração
milimétrica da sua posição.
Eventualmente, pode ocorrer
aumento no tamanho dos seios no momento em que a tensão sexual atinge seu patamar
máximo. Há aumento da tensão de todos os grupos musculares, voluntários e
involuntários. Aumentam também a pressão sistólica e os batimentos cardíacos.
Há contração semi-espasmódica dos músculos intercostais, faciais e abdominais.
2.3.4 Fase de orgasmo
Além da resposta vaginal local,
existem inúmeras reações extra vaginais, o que torna o orgasmo um enredado que
une corpo, mente, espírito, e tudo o que mais houver entre um e outro, numa
malha de sensações e reações absolutamente distinta de pessoa para pessoa.
Há ocorrência de contrações
musculares (clones) reflexas dos músculos vaginais, perineais e do útero. Essas
contrações ocorrem em intervalos de 0,8 segundos e são visíveis na plataforma
orgástica. O clitóris fica mais sensível ao toque. Há ainda a contração do
esfíncter externo do ânus e a expansão máxima da parede vaginal posterior.
As reações extra vaginais da fase
de orgasmo, são consequentes aos neurotransmissores libertados pelo lóbulo
límbico na corrente sanguínea, e desencadeiam turgidez e ereção dos mamilos,
aumento das aréolas, hiperventilação, e aumento da frequência cardíaca, pressão
arterial e temperatura corporal. Também provoca sudorese, pilo-ereção e
alteração nas pupilas, além da perda do controlo muscular voluntário. Em
algumas mulheres, podemos observar contração de músculos do rosto, das mãos e
dos pés.
As alterações decorrentes da fase
orgásmica podem ser alteradas por fatores como flacidez muscular do PP, fadiga,
depressão, ansiedade, raiva, uso de drogas ou mesmo a relação com o parceiro
sexual. A individualidade na resposta ao orgasmo é influenciada por um conjunto
de fatores psicológicos, hormonais e sociais, no qual a mulher está inserida,
além da utilização de medicamentos e outras drogas, como álcool e cigarro.
2.3.5 Fase de resolução
Após o orgasmo, caso não seja
iniciado outro ciclo excitatório, todas estas transformações provenientes dele
regridem, num pequeno intervalo de tempo, que vai de alguns segundos a minutos,
culminando na fase de resolução. Não sendo atingido o orgasmo, a vaso-congestão
leva um tempo maior para esvaecer, podendo desencadear quadros álgicos na
região pélvica feminina, em resposta ao intumescimento constante dos genitais
internos.
Na fase de resolução o cérebro
liberta endorfinas, responsáveis pela sensação de bem-estar e relaxamento total
do corpo. Aqui serão mostrados os verdadeiros sentimentos em relação ao
parceiro: amor ou desamor, pois é o momento de reflexão sobre o que foi vivido.