sábado, 24 de maio de 2014

Fisioterapia no tratamento lipodistrofia ginóide (celulite)

O termo celulite foi descrito pela primeira vez em 1920 e foi utilizado para descrever uma alteração estética da pele. Atualmente, diversos são os termos utilizados para definir estas disfunções do tecido subcutâneo, na tentativa de se adequar as alterações histomorfológicas da patologia. São eles: lipodistrofia, lipoedema, fibroedema gelóide (FEG), hirolipodistrofia ginóide, paniculopatia edemato fibro esclerótica, paniculose, lipoesclerose nodular, lipodistrofia ginóide.
A lipodistrofia ginóide é considerada uma patologia multifatorial, que pode ser determinada por efeitos hormonais, predisposição genética, sedentarismo, dietas inadequadas, obesidade, tabagismo, terapias de reposição hormonal, entre outras suposições.
É uma condição fisiopatológica mais prevalente em mulheres independentemente do peso corpóreo. Estudos indicam diferenças estruturais no tecido adiposo entre homens e mulheres, onde as fibras colágenas masculinas estão dispostas de maneira oblíqua enquanto nas mulheres estão dispostas de maneira perpendicular à pele, o que favorece a projeção irregular de gordura sob o tecido cutâneo.
A principal alteração histológica é a hipertrofia ou, inversamente, o enfraquecimento dos fios do tecido conjuntivo que sustenta os adipócitos subcutâneos, caracterizando-se por uma desordem do metabolismo lipídico e no fluxo de líquidos do organismo.

Tratamento


Por ser uma desordem multifatorial, o tratamento da lipodistrofia ginóide deve contemplar diferentes aspectos e se direcionar a tratar a fibrose, a flacidez muscular, o acúmulo de gordura e o edema tecidual. A seguir temos algumas das técnicas usadas no tratamento desta patologia.
A drenagem linfática tem como princípio realizar movimentos manuais suaves e precisos com o objetivo de drenar o líquido excedente da região extracelular, auxiliando assim no retorno venoso e reduzindo o edema local.
O ultrassom (3MHz) emite ondas mecânicas que são convertidas na pele em energia térmica, estimulando o metabolismo celular e a circulação dermo-hipodérmica local e, além disso, em sua modulação pulsada, aumenta a permeabilidade cutânea à substâncias ativas. O mecanismo de ação de quebra de gordura se dá pelo aumento de energia dentro do adipócito, que irá causar a ruptura da membrana celular. A combinação do ultrassom com outros métodos traz resultados favoráveis na redução de medidas, associada a melhora no tônus, textura e aparência da pele.
A endermologia ou vacuoterapia é uma técnica que associa drenagem linfática e massagem. O aparelho promove uma sucção na pele que, associada à massagem, estimula a circulação local, diminui a viscosidade e promove uma drenagem linfática.
A eletrolipólise emite uma corrente elétrica de baixa intensidade que atravessa a pele e atua diretamente nos adipócitos, promovendo uma excitação celular, estimulando a lipólise, além de aumentar a circulação local.
A estimulação elétrica subcutânea gera redução de medidas, melhora do aspecto da lipodistrofia e a tonificação e rejuvenescimento cutâneo. Esta técnica afeta o metabolismo dos tecidos, aumenta a circulação local e está relacionada ao aumento da produção de ATP dentro da célula.
A radiação infravermelha penetra profundamente na pele e aumenta lentamente a temperatura da cutânea, induzindo a um incremento do metabolismo corporal e dilatação da rede de capilares local.
A radiofrequência unipolar induz oscilações rotacionais nas moléculas de água. Tais efeitos físicos produzem aquecimento que se dissipa nos tecidos subjacentes e leva a uma retração tecidual entre derme e fáscias.
A massagem modeladora exerce efeito mecânico local decorrente da ação direta,  pela pressão exercida no segmento massageado, e da ação indireta, pela liberação local de substâncias vasoativas. Consiste em movimentos rítmicos, vigorosos e com uma pressão maior que as outras técnicas de massagem. Tem por objetivo aumentar a circulação sanguínea local e facilitar o esvaziamento das células adiposas.
Complementa-se ao tratamento da celulite o uso de cosméticos de origem natural ou sintética. A utilização de extratos vegetais é cada vez mais empregada, visto que os vegetais possuem um grande número de compostos ou substancias ativas. Os produtos fitocosméticos destinados ao tratamento da lipodistrofia ginóide podem atuar tanto na microcirculação, perda da elasticidade da pele, diminuição endógena da atividade lipolítica e alteração do relevo cutâneo. Temos como exemplo os fitoterápicos que possuem em sua composição cafeína, melilotus officinalis (trevo amarelo), castanha da índia, gengibre, entre outros.
Concluiu-se que existem uma gama de técnicas fisioterápicas que podem ser utilizadas e combinadas no tratamento da lipodistrofia ginóide. Contudo, por ser uma patologia multifatorial, é importante ressaltar a intervenção de outras terapêuticas, como a reeducação alimentar, a atividade física regular e o acompanhamento médico.

Referências


MACHADO, CG; VIEIRA, RB; OLIVEIRA, NML; LOPES, CR. Análise do ultrassom terapêutico e da eletrolipoforese nas alterações decorrentes do fibroedema gelóide. Fisioter Mov, vol. 24, nº 3, p. 471-479, 2011.

MAGALHAES, BH; CAMARGO, MF; HIGUCHI, CT. Indicação do uso de espécies vegetais para o tratamento da celulite com fins cosméticos. InterfacEHS, vol. 8, nº3, 2013.

NEVES, PA; QUADROS, JF; MACEDO, ACB. Efeito da aplicação da massagem modeladora e ultrassom na região abdominal em mulheres sedentárias. UniBrasil, Caderno da Escola de Saúde, p. 128-138, 2011.