terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Fisiologia da resposta sexual feminina


Individualmente, a sexualidade, é influenciada pela família, sociedade, crenças religiosas, e altera-se com a idade, estado de saúde e experiências pessoais. Tudo coordenado pelo sistema neurológico, vascular e endócrino. Um sistema complexo, onde um problema em qualquer uma destas áreas pode levar a uma disfunção sexual.
Acredita-se que a preconização de exercícios perineais, descrita por Kegel na década de 50, possa solucionar o problema supracitado pela grande repercussão positiva que uma consciencialização do músculo perineal pode trazer.
Os especialistas ocidentais já aceitam o músculo pubococcígeo como responsável, em parte, pelo prazer sexual e acreditam que a consciência da sua existência e localização, bem como o fortalecimento deste pode levar as mulheres mais facilmente ao orgasmo, além de torná-los mais intensos.

2.1 Sistema nervoso
  • É no prosencéfalo que encontramos o sistema límbico, responsável pelas emoções e sensações de prazer, indispensável para a resposta sexual.
  • No tronco encefálico, mais precisamente no diencéfalo, vamos encontrar outra estrutura importante para a resposta sexual – o hipotálamo – cuja função é imperiosa na liberação hormonal.
  • O córtex cerebral (SNC) tem a autoridade de controlar de forma muito diligente a atividade sexual, podendo tanto inibi-la quanto facilitá-la.
  • A ereção do clitóris é controlada por fibras parassimpáticas originadas nos segmentos S2 a S4 da medula vertebral. Segundo Douglas (2000), encontramos na medula o ponto nervoso final das vias eferentes do coito. Esta é a região efetora do ato sexual. Aqui estão localizados os motoneurônios que aumentam a mobilidade dos músculos pélvicos e bulbocavernosos durante o coito; são modulados principalmente pela testosterona.

2.2 Sistema hormonal
  • Estrógeno: A ação dos estrógenos está associada ao desejo sexual feminino. Determina a feminilidade, o amor, intuição, sonho, capacidade de análise e subjetividade, além de colaborar para o aumento da lubrificação vaginal.
  • Progesterona: diminui o desejo sexual.
  • Testosterona: proporciona picos de desejo sexual do sétimo ao décimo sétimo dia do ciclo menstrual, além dos fluxos rápidos durante a excitação sexual.
  • Prolatina: Este hormônio aumenta o desejo sexual da mulher durante a gravidez, principalmente durante a amamentação, mas inibe a lubrificação vaginal da fase de excitação na resposta sexual feminina.
  • Serotonina: Responsável pela modulação do humor e do desejo sexual. Em grandes quantidades gera euforia, em quantidades muito baixas, leva a depressão. O seu extremo pode levar também à inibição do impulso sexual.
  • Dopamina: Hormônio responsável por determinar o orgasmo feminino.
  • Ocitocina: É segregada pela neuro-hipófise e encontrada em todos os tecidos do corpo. Está ligada ao contato físico. O pico ocorre durante o orgasmo, parto e amamentação.

2.3 Fisiologia da resposta sexual feminina
O ato sexual feminino não depende apenas da estimulação local dos órgãos sexuais, mas sim da resposta a uma interação com fatores psíquicos como humor e saúde.

2.3.1 Fase do desejo: é assinalada pelo impulso sexual, que vai funcionar como um ponto-gatilho para a excitação. Aqui, os órgãos do sentido vão levar esses impulsos sexuais, independente da origem do estímulo (audição, visão, olfato ou tato), para o córtex cerebral e sistema límbico, levando a mulher à excitação. A ação dos hormônios e dos neurotransmissores nesta fase são de extrema relevância. Os sinais sensoriais sexuais são transmitidos aos segmentos sacrais da medula espinhal pelo nervo pudendo e plexo sacral. Em seguida, são transmitidos ao cérebro. Os reflexos locais na porção lombar e sacral da medula são em parte responsáveis pelas reações sexuais femininas.
As mensagens captadas pela estimulação da região perineal, dos órgãos sexuais e das vias urinárias vão dar origem às sensações sexuais. Um destaque é dado à glande do clítoris, órgão particularmente sensível ao desencadeamento destas sensações.
O despertar deste impulso sexual deve se à ação imperiosa dos neurotransmissores, em destaque a feniletilamina, cuja ativação fica explícita nas eventualidades em que carícias e beijos levam o homem à ereção do pênis e a mulher à lubrificação vaginal.

2.3.2 Fase de excitação
A fase de excitação na mulher, geralmente não nos parece tão visível quanto a excitação masculina, caraterizada pelo aumento do volume do pênis. Aqui, o sistema neurovegetativo vai preparar os genitais para o ato sexual, e é uma fase marcada pela tumescência e lubrificação vaginal, sendo estes indispensáveis para uma penetração confortável.
A estimulação tátil dos órgãos sexuais e de outras zonas erógenas desencadeia, através de reflexos medulares, impulsos parassimpáticos que promovem dilatação das arteríolas de toda a genitália. A dilatação das arteríolas, por sua vez, traz como consequência o aumento do fluxo sanguíneo local, provocando uma vaso-congestão. Esse aumento do fluxo sanguíneo provoca um rubor generalizado, além das alterações vaginais locais, indispensáveis para uma penetração natural e de prazer. Os grandes e pequenos lábios apresentam edema local, alteração que também ocorre com o clitóris, e este ainda se mostra enrijecido e com o volume aumentado.
O útero também aumenta de volume, e ainda sofre uma elevação em relação á sua posição inicial. Simultaneamente, a parte posterior da vagina, antes encolhida, alonga, alarga, distende e incha, para acomodar melhor o pênis. As paredes vaginais sofrem uma mudança lenta de cor, que passa de vermelho-púrpura para vermelho-escuro, além de apresentar significativa lubrificação consequente ao transudado. O pavimento pélvico entra em miotonia.
Outra consequência da vaso-congestão é a redução do diâmetro do terço inferior da vagina, em até 1/3 do seu estado normal de não excitação, possibilitando a perfeita adaptação dessa região ao diâmetro do pênis, independente das dimensões desse órgão. Por outro lado, há uma expansão e dilatação dos dois terços posteriores do canal vaginal, quando o colo e o corpo do útero são empurrados, vagarosamente, para trás e para cima, para o interior da falsa pelve, criando um espaço onde será depositado o sêmen oriundo da ejaculação do parceiro.
O músculo bulboesponjoso tem ação importante na fase excitatória, estendendo-se para todas as demais fases da RSF. Este tecido erétil, também controlado pelos nervos parassimpáticos, dilata-se nas fases iniciais da estimulação sexual possibilitando um rápido acúmulo de sangue, levando a constrição do intróito vaginal.
Com o aumento da tensão sexual, podemos observar também reações fisiológicas extra vaginais. Estas alterações atingem primeiramente os seios, que começam a intumescer, tornando os mamilos eretos, fator decorrente da contração involuntária das fibras musculares presentes.

2.3.3 Fase de platô
Uma fase de destaque na resposta sexual feminina (RSF) é definida como estabilização ou platô, caracterizada por um estado de prazer máximo, antecedente ao orgasmo. É um período relativamente curto, seguido quase imediatamente pela fase orgástica. Nesta fase, todas as alterações ocorridas no desejo e excitação são amplificadas e intensificadas. Aqui observamos a congestão máxima da musculatura do PP e dos órgãos sexuais, e as alterações mantêm um patamar máximo, caso o estímulo sexual efetivo persista, tornando o indivíduo apto a atingir o orgasmo.
A fase de platô tem como característica o intumescimento do terço externo da vagina, uma congestão máxima que configura a plataforma orgástica. Observa-se ingurgitamento dos pequenos lábios, passando a adquirir uma cor arroxeada e o útero eleva-se ainda mais. Há aumento dos pequenos lábios e o corpo e a glande do clitóris sofrem uma retração milimétrica da sua posição.
Eventualmente, pode ocorrer aumento no tamanho dos seios no momento em que a tensão sexual atinge seu patamar máximo. Há aumento da tensão de todos os grupos musculares, voluntários e involuntários. Aumentam também a pressão sistólica e os batimentos cardíacos. Há contração semi-espasmódica dos músculos intercostais, faciais e abdominais.

2.3.4 Fase de orgasmo
Além da resposta vaginal local, existem inúmeras reações extra vaginais, o que torna o orgasmo um enredado que une corpo, mente, espírito, e tudo o que mais houver entre um e outro, numa malha de sensações e reações absolutamente distinta de pessoa para pessoa.
Há ocorrência de contrações musculares (clones) reflexas dos músculos vaginais, perineais e do útero. Essas contrações ocorrem em intervalos de 0,8 segundos e são visíveis na plataforma orgástica. O clitóris fica mais sensível ao toque. Há ainda a contração do esfíncter externo do ânus e a expansão máxima da parede vaginal posterior.
As reações extra vaginais da fase de orgasmo, são consequentes aos neurotransmissores libertados pelo lóbulo límbico na corrente sanguínea, e desencadeiam turgidez e ereção dos mamilos, aumento das aréolas, hiperventilação, e aumento da frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura corporal. Também provoca sudorese, pilo-ereção e alteração nas pupilas, além da perda do controlo muscular voluntário. Em algumas mulheres, podemos observar contração de músculos do rosto, das mãos e dos pés.
As alterações decorrentes da fase orgásmica podem ser alteradas por fatores como flacidez muscular do PP, fadiga, depressão, ansiedade, raiva, uso de drogas ou mesmo a relação com o parceiro sexual. A individualidade na resposta ao orgasmo é influenciada por um conjunto de fatores psicológicos, hormonais e sociais, no qual a mulher está inserida, além da utilização de medicamentos e outras drogas, como álcool e cigarro.

2.3.5 Fase de resolução
Após o orgasmo, caso não seja iniciado outro ciclo excitatório, todas estas transformações provenientes dele regridem, num pequeno intervalo de tempo, que vai de alguns segundos a minutos, culminando na fase de resolução. Não sendo atingido o orgasmo, a vaso-congestão leva um tempo maior para esvaecer, podendo desencadear quadros álgicos na região pélvica feminina, em resposta ao intumescimento constante dos genitais internos.
Na fase de resolução o cérebro liberta endorfinas, responsáveis pela sensação de bem-estar e relaxamento total do corpo. Aqui serão mostrados os verdadeiros sentimentos em relação ao parceiro: amor ou desamor, pois é o momento de reflexão sobre o que foi vivido.

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