sábado, 9 de fevereiro de 2013

Humanização na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o ambiente hospitalar onde estão localizados os pacientes mais críticos. Em geral, é um ambiente frio, pela quantidade de aparelhos monitorizadores e pelos profissionais cada vez mais habituados com a situação crítica e, muitas vezes, irreversível dos pacientes.
Sendo assim, esta unidade acaba por se tornar um ambiente com poucas interações inter-pessoais, se tornando um ambiente de trabalho mecânico e desagradável. Os pacientes são considerados leitos e os profissionais da saúde que trabalham no local acabam perdendo um pouco da sensibilidade.

O conceito de humanização pode ser traduzido como uma busca incessante do conforto físico, psíquico e espiritual do paciente, família e equipe multidisciplinar.

Humanizar a UTI significa cuidar dos pacientes como um todo, englobando o contexto familiar e social. É um conjunto de medidas que engloba:

  • Ambiente físico;
  • Cuidado com os paciente e familiares;
  • Relação entre as equipes de saúde;

Estas intervenções visam, sobretudo, tornar efetiva a assistência ao indivíduo criticamente doente, considerando-o como um todo bio-psíquico-sócio-espiritual.

1 Família
Neste momento a equipe deve oferecer à família apoio, explicando e descrevendo o aspecto do paciente, sua real situação de saúde e os equipamentos que foram instalados para monitorização e ventilação.

Antes que o membro da família chegue à beira do leito, a equipe deve prepará-lo para a difícil experiencia de encontrar um familiar ligado à inúmeros aparelhos. Para muitos desses familiares, isso significa morte iminente e raramente eles conseguem se conformar com a situação.


2 Equipe
Os profissionais da saúde que trabalham na UTI são confrontados diariamente com questões relativas à morte, o que pode gerar grande estresse emocional.
Além da morte, os profissionais também passam por outras situações que demandam muito estresse físico e emocional. São exemplo delas:

  • Lidar com a intimidade emocional e corporal do paciente;
  • Limitações técnicas, pessoais e materiais para a realização de seu trabalho;
  • Alto grau de cobrança e expectativas, tanto pessoais quanto de terceiros;
  • Solicitações intermitentes de decisões rápidas e precisas;
  • Desumana tarefa de selecionar quem tem prioridade no tratamento, principalmente devido à falta de recursos;
  • Jornadas prolongadas e de ritmo acelerado;
  • Mudanças repentinas no estado clínico do paciente.

Estas mudanças geram inquietude na equipe como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de conviver no ambiente da UTI.
É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o trabalho interativo, contribuindo para o saber educacional, facilitando sempre o processo comunicacional.


3 Paciente
A pessoa internada na UTI é, na maioria das vezes, dependente e sente-se impotente com a falta de autonomia e controle de si mesmo. Além, é claro, da sensação de isolamento, a doença grave e o medo de morrer. A ausência de atenção pode ter realmente efeitos prejudiciais sobre à saúde e a recuperação.

Pequenas atitudes dos profissionais podem indicar o processo de humanização e resgatar a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de internação:

  • Chamar o paciente pelo nome;
  • Utilizar tom de voz calmo  e em volume normal;
  • Olhar para o rosto do paciente e estabelecer contato cortês e respeitoso;
  • Dirigir-lhe a palavra sempre que se aproximar do leito ou for realizar algum procedimento;
  • Examinar o paciente de maneira atenciosa;
  • Utilizar-se do toque cuidadoso.


A equipe deve avaliar o comportamento e a adaptação do paciente e apoiá-lo:

  • Ameaça de desamparo;
  • Perda de controle emocional;
  • Sensação de perda de função;
  • Perda de auto-estima;
  • Sensação de isolamento;
  • Medo de morte.


A equipe deve permitir o paciente a realizar pequenas escolhas para aumentar a sensação de controle do paciente sobre si:

  • Utilizar orientação antecipada sobre qualquer técnica que for ser realizada;
  • Fornecer informações e explicações sobre o quadro clínico do paciente;
  • Incluir o paciente em decisões simples.


A equipe deve ajudar o paciente a ter um papel ativo, positivo e não um papel passivo de vítima.

Um comentário:

  1. ótimas caracteristicas apresentadas neste artigo sobre a questão da humanização!! artigo bem construtivo e nos faz refletir que pequenos atos podem fazer com que o paciente se sinta mais humano, e seja tratado como pessoa e não uma doença.

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